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O sarrabulho, este cozido feito com vísceras de porco, bode ou cabrito, também tem origem portuguesa, como quase toda a culinária do sertão nordestino. Porém, tem influências africanas e também da culinária indiana, onde era (ou ainda é) considerado um prato vulgar, certamente por ser espessado com sangue animal. Isso quem nos conta, novamente, é Câmara Cascudo.

 

O folclorista comentou também a semelhança entre o sarrabulho e o sarapatel, esclarecendo que o primeiro é feito de boi ou carneiro. Já o sarapatel, unicamente de porco, segundo ao autor. A feitura de ambos os pratos, no entanto, segue o mesmo processo.

 

Sangra-se o porco, aparando o sangue, mexendo-se continuamente para não talhar. Leva-se o fogo branco com sal e pouca água, até engrossar. Retira-se depois deixando esfriar. O porco, depois de limpo, retira-se os miúdos, pedaço do pescoço, orelhas, língua, pés, rabo e focinho. Ferve-se tudo com um pouco de água, sal, pimenta do reino, açafrão, dentes de alho. A carne é cortada em pedaços pequenos e, em seguida, frita.  Coloca-se tudo em um tacho onde já se encontra a cebola refogada. Deita-se depois água de tamarindo, um pouco de vinagre, pimenta moída e depois de tudo pronto acrescenta-se cravo, o sangue do porco e cominho em pó. Dá-se a última  fervura. Na áfrica, come-se com pão e na Índia com “apas”, uma espécie de broa feita sura (seiva de palmeira) e arroz moído, cozido em banho-maria, posto de molho de véspera”.

 

 

Sarrabulho. Foto: Gustavo Sampaio.

O Edu Restaurante funciona há 17 anos no São Sebastião. É um pequeno box no meio do primeiro corredor de restaurante, mas que merece a visita. Eridan comanda o restaurante ao lado do marido, que também cozinha. O cardápio é bastante variado e oferece tudo o que os demais restaurantes também servem: carneiro, peixada, carne moída, porco, peixe... Mas um dos pratos mais vendidos é o sarrabulho de carneiro. “Não pode faltar”, diz Eridan.

 

Eridan também começou a cozinhar com sua mãe Neuza, a Rainha da Buchada, que também é mãe da Irene (Restaurante A Rainha da Buchada) e irmã da Hosana (Hosana Restaurante).

 

Eridan e sua assistente Rosângela, no Edu Restaurante. Foto: Gustavo Sampaio.

Ela, assim como a irmã, ajudava a mãe no antigo Mercado. “A gente se revezava nos finais de semana”, conta. Vem daí sua habilidade para a cozinha. Mas ela acredita que o segredo de uma boa comida não é exatamente o tempero, mas sim o cozinheiro. “Não é nada de especial, é a mão da pessoa”. E a sua mão é boa!

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